Project Description

Assunto: Mosteiro Sumedharama

Local: Carrasqueira de Cima, Mafra

1.Introdução

Refere-se a presente Memória descritiva (PDF) ao Projeto de Licenciamento de um Mosteiro Budista cujo licenciamento é requerido pela pessoa coletiva Budismo Theravada da Floresta-Comunidade Religiosa com o NIPC 592010040 e que pretende levar a efeito na sua propriedade sita na Carrasqueira de Cima, na freguesia da Ericeira, Concelho de Mafra, o qual mereceu parecer favorável por parte da Câmara Municipal de Mafra. A propriedade tem 10,09ha, e encontra-se inscrita na Conservatória do Registo Predial de Mafra sob o nº 3595 e inscrito sob o artigo 65 da secção D da freguesia da Ericeira.

2.Antecedentes

Para a propriedade e no âmbito do objecto do licenciamento, existem como antecedentes Pedido de Informação Prévia, proc. VO 37/2010, Pedido de Informação Prévia proc. VO 38/2014 tendo ambos merecido parecer favorável por parte da Câmara Municipal de Mafra. A viabilidade do Pedido de Informação Prévia VO 38/2014 sita foi reiterada por despacho de 2015/09/18.

3.Objeto e Âmbito do Mosteiro

O Mosteiro destina-se a albergar monges budistas da Tradição Budista Theravada da Floresta e tem como objetivo a prática da beneficência, promover os ensinamentos do Budismo, promover e sustentar o culto e os serviços dos templos e dos mosteiros.

O Mosteiro de nome Sumedharama do Budismo Theravada da Floresta – CR, para além de servir aqueles que escolhem e optam por uma vida monástica, torna igualmente possível a inter-relação com as comunidades exteriores pela existência de espaços específicos para realização de retiros e albergar todos os que desejem permanecer, praticar e partilhar da vida e ambiente monástico que no Mosteiro se vive e pratica. Funciona como santuário espiritual de recolhimento e simultaneamente como elemento intercultural onde leigos visitantes podem usufruir do ensinamento da prática budista.

A Tradição monástica da Floresta da Tailândia de Ajahn Chah, tem com umas das principais características o intercâmbio cultural e religioso, tanto ao nível nacional como internacional, promovendo um contacto próximo com as populações bem como com o estrangeiro.

Neste sentido sendo uma tradição budista literalmente mendicante acaba por manter um contacto ininterrupto com as comunidades leigas tanto nacionais como internacionais que suportam os Mosteiros diariamente ao nível material. Por outro lado nesta constante abertura e dependência, os monásticos partilham também o seu conhecimento e experiência meditativa espiritual. Neste contexto, a comunidade para além de servir como residência e espaço de treino dos monges acaba por atrair e albergar um número de visitantes leigos interessados numa via mais espiritual. É neste intercâmbio constante que o Mosteiro funcionará, como pólo de enriquecimento cultural e disseminação filosófica e espiritual.

4. Localização/Implantação

Como já referido, o Mosteiro Sumedharama será construído na propriedade sita na Carrasqueira de Cima, na freguesia da Ericeira, Concelho de Mafra. Em articulação com o objecto e âmbito da actividade do Mosteiro a sua localização é fundamental no sentido de articular o isolamento inerente á vivência do Mosteiro e a vivência com as comunidades que o rodeia e apoia. Inserindo-se numa zona rural de baixa densidade responde a necessidade de maior isolamento e privacidade mas estabelece simultaneamente uma relação com as populações locais devido a sua proximidade com aldeias e vilas.

A definição das implantações das construções constantes no Pedido de Informação Prévia VO 38/2014 foi acompanhada por um levantamento topográfico e florestal elaborado pela PERTIS, Engenheiros Consultores (constantes nesse pedido) que estabeleceu as bases de reconhecimento das espécies de flora nativa e exótica existentes, as áreas a preservar, recuperar e proteger os valores naturais, e aquelas que são mais adequadas à implantação das construções. Assim as zonas de implantação de construções localizam-se sobretudo na área limpa previamente de eucalipto (Ec) e zona de eucalipto – pinheiro bravo (EcPb). Conforme indicação do estudo referido, no Anexo I-Caracterização e Proposta de Gestão Florestal, procedeu-se posteriormente à limpeza do terreno nessas áreas e na restante propriedade. Esse trabalho permitiu aferir com ainda maior precisão a localização de implantação das construções com ligeiras alterações as que se encontravam previstas, sem alteração da génese da localização adaptando-se melhor a topografia e respeito por espécies a preservar.

Da análise da ocupação solo usada para determinação da perigosidade de incêndio florestal do Município de Mafra grande parte da propriedade sita na Carrasqueira de Cima, na freguesia da Ericeira, Concelho de Mafra é abrangida pela ocupação do solo 313 – Florestas mistas de coníferas e folhosas do Corine Land Cover de uma mancha Com cerca de 17 hectares. A esta mancha é associada dois tipos de modelos de combustíveis de Rothermel o modelo 5 e o modelo 9, modelos estes que nos permitem descrever o comportamento do fogo em caso de incêndio.

A intervenção levada a cabo no coberto vegetal alterou substancialmente as condições de perigosidade como se pode constatar em – https://sumedharama.pt/terreno/. Em termos de composição privilegiou-se a selecção do pinheiro bravo nas cotas mais elevadas e foi retirado o eucalipto evitando-se assim densidades excessivas. Nas zonas mais húmidas e mais baixas foram seleccionados os sobreiros tendo sido removido quer as espécies resinosas quer o conjunto de espécies arbustivas que competiam pelo mesmo espaço.

Localização da propriedade sobre Ortofotomapa

O desenvolvimento de pinhal adulto nas cotas de terreno mais elevado privilegiou a diminuição da perigosidade tal como tinha já sido identificado na própria carta de perigosidade do PMDFCI. Neste espaço identifica-se agora uma mancha de pinhal com cerca de 2.7 hectares e com alturas superiores a 15 metros o que promove o ensombramento evitando um desenvolvimento do coberto sub-arbustivo. Desta forma garante-se a descontinuidade vertical da vegetação. A eliminação do sub coberto nesta área permitiu a eliminação do modelo de combustível 5 e a conversão do modelo 9 em modelo 8, onde a progressão dos fogos são de fraca intensidade, com chamas curtas e que avançam lentamente. Apenas condições meteorológicas muito desfavoráveis podem tornar este modelo perigoso.

As duas grandes manchas de eucaliptal com 1.2 e 0.8 hectares foram eliminadas tendo também sido removido o sub coberto. Estas manchas, dadas a grande redução de carga de combustível serão preferencialmente usadas para o estabelecimento do edificado, já que a ausência de vegetação e o estabelecimento de uma estratégia de condução da regeneração de sobreiro promoverá a redução significativa da perigosidade. Também estas zonas agem agora como um autêntico mosaico provendo a descontinuidade entre as manchas florestais, ou seja o potencial anteriormente existente de ocorrência de um grande incêndio foram diminuídas significativamente com esta intervenção.

Na cota mais baixa foi realizado um trabalho intenso de limpeza do estrato arbustivo que envolvia a linha de água e foram preservados os exemplares adultos de sobreiro que formam agora um conjunto arbóreo sob a forma de bosquete que servirá de primeira linha de proteção de um incêndio que se nasça junto EM 616. Nesta zona é evidente a conversão de modelo 5 em modelo 8.

Além das significativas alterações do coberto de solo ocorridas na da propriedade sita na Carrasqueira de Cima, em simultâneo decorreram alterações na propriedade contigua onde a área florestal está a ser convertida numa área agrícola e onde foi estabelecido um ponto de água de grandes dimensões e que poderá ser usado em caso de incêndio para o abastecimento a meios aéreos de combate. Como é lógico as alterações ocorridas neste espaço eliminaram uma área significativa de modelo 5, diminuído desta forma a perigosidade da zona.

A rede viária existente na propriedade é já hoje um garante da acessibilidade dos meios. Esta rede caracteriza-se por um eixo centra que atravessa toda a propriedade e permite ligar as cotas mais baixas às cotas mais altas da propriedade.

O edificado com maior ocupação humana estabelece-se forma harmoniosa junto ao principal eixo viário, permitindo que a saída e entrada de recursos se faça rápida e de forma evidente garantindo-se a facilidade em caso de necessidade evacuação.

Planta de Implantação

Planta de Implantação

Planta de Implantação

A outra zona nobre em termos de edificado é servida por uma segunda rede conflui com a primeira junto ao principal portão de entrada.

A propriedade apresenta ainda duas alternativas de acessibilidade uma estabelecida pelo limites mais a norte e outra estabelecida pelo limite da propriedade mais a sul.

Quando ao abastecimento de água o mesmo será garantido pelo estabelecimento de uma rede interna abastecida por uma cisterna que será desenhada para garantir o nível de pressão exigido para o abastecimento de meios de combate a incêndio, a qual será acedível através de marcos de água que garantirão um débito a estabelecer em projeto da especialidade.

Quanto às alterações de localização do edificado face ao inicialmente proposto em PIP resultam do trabalho de limpeza da vegetação que permitiu apurar com mais acuidade os locais em proposta (azul), em detrimento dos locais inicialmente propostos (branco).

Quanto á perigosidade como se disse anteriormente, ocorreu uma alteração significativa do coberto e uso do solo o que implica uma redução significativa da mesma. Os modelos 5 ao terem sido eliminados deste espaço territorial, promovem uma alteração significativa do comportamento do fogo caso exista um incêndio.

A eliminação das duas grandes manchas de eucaliptal e a opção de colocação do edificado nestes locais garante a possibilidade de estabelecimentos de faixas de proteção de acordo com os limites legais. A intervenção no sub coberto das bolsas de povoamento na proximidade do edificado garante que existe uma diminuição substancial do risco permitindo reduzir a carga de combustível aos valores estabelecidos no anexo do DL n.º 124/2006, de 28 de Junho.

Toda a abordagem de intervenção, limpeza pormenorizada do terreno e acerto de implantações de construções, foram acompanhadas e articuladas em trabalho de campo, pelo engenheiro florestal Rui Almeida.

5.Acessibilidades

O principal eixo rodoviário de acesso é feito pelo Caminho do Vale Grande com o qual a propriedade confronta e que estabelece a ligação:

 Á sede do concelho através da Estrada da cabeça Alta ao núcleo urbano da Achada e a N 116 para Nascente.

 Á Ericeira pela Rua General Humberto Delgado no sentido poente.

 Ao nó da A21 pela Rua General Humberto Delgado e Rua Alto da Camacha.

6.Imagem e Integração Urbana

Atendendo a localização específica da propriedade inserida em meio rural foi desde o início opção programática do Budismo Theravada da Floresta – Comunidade Religiosa, o respeito pela imagem da casa saloia de telhados encurvados constituídos em telha lusa sobre estrutura de madeira com beirados a portuguesa, com remates de cunhais das construções em torreões. As janelas serão de madeira emolduradas por cantaria em pedra e socos também em pedra. Esta será a opção a aplicar nas construções dos edifícios da Recepção, Claustros e Workshop, aqueles que maior relação terá com os leigos e comunidades visitantes. Por outro lado na integração paisagística com a envolvente de floresta e localização as construções que com ela dialogam como a Biblioteca, os Kutis e o Vihara destinados aos monásticos religiosos, estas serão essencialmente constituídas em madeira. O templo irá assumir-se com identidade própria, ex – libris e centro do complexo do Mosteiro Sumedharama.

7. Programa do Mosteiro

De acordo com a Tradição da Floresta – Budismo Theravada foi estabelecido um programa rigoroso quer ao nível da localização integrado com o espaço envolvente quer ao nível da organização dos edifícios, dimensão de espaços e sua utilização. Assim o complexo do Mosteiro será constituído por edifícios de utilização permanente, e edifícios de utilização ocasional. No âmbito de edifícios de utilizações permanentes enquadram-se, o edifício da Recepção, os Claustros (masculino e feminino), a Biblioteca, o Workshop o Vihara e o Templo. No âmbito das edificações de utilização ocasional enquadram-se os Kutis, destinados a proporcionar maior isolamento e recolhimento.

Edifício da recepção- Onde se desenvolverá o programa mais denso servindo de elo de ligação entre os visitantes e comunidade monástica residente. É o mais próximo da entrada mas tendo um afastamento suficiente que permita a privacidade e recolhimento.

Claustros – São desenvolvidos dois Claustros, um masculino o outro feminino. Funciona como centro de retiros e acomodações de leigos permitindo o usufruto de um espaço natural e o ensinamento dos monges.

Vihara – espaço de acomodações dos monges de maior isolamento e recolhimento. Irá igualmente servir para albergar monges visitantes e alguns noviços.

Biblioteca – espaço de leitura e acesso à internet, que conta também com áreas de apoio.

Kutis- Pequenos abrigos (simples e duplos) integrados na floresta destinando-se ao descanso e prática de meditação.

Workshop – Pequeno edifício de apoio a manutenção e execução de trabalhos dos monges.

Stupa- Monumento, um dos símbolos mais importante do Budismo, representação simbólica da mente de Buddha

A acessibilidade será feita pelo eixo direccional do Caminho do Vale Grande coincidente com o acesso principal do Mosteiro. A partir deste a propriedade encontra-se dividida por uma caminho particular existente que se prolonga até á Ribeira da Carrasqueira (extremo norte da propriedade). É a partir deste eixo que a acessibilidade se distribui para os edifícios propostos, aproveitando maioritariamente caminhos existentes, perfilando-os de forma naturalizada.

8. Paisagismo

De acordo com a Tradição da Floresta – Budismo Theravada a intervenção paisagística na propriedade tem a maior relevância no sentido do respeito pelos elementos naturais em presença. A sua maior valência advém não da intervenção propriamente dita, mas da não intervenção. O espaço natural agrega e une o todo, os percursos ligam espaços e edifícios de forma natural respeitando as existências. Os caminhos existentes, eixos de ligação entre os espaços edificados, apenas serão intervencionados no sentido do seu ligeiro alargamento, para possibilitar a acessibilidade a veículos de emergência.

Os caminhos e percursos naturais são parte integrante da prática de meditação, desta forma serão renaturalizados. Na medida do possível, serão criados caminhos pedonais integrados na natureza e na topografia que vão ligar os edifícios por percursos acessíveis. Os acessos não serão alcatroados, existindo manutenção permanente que os tornará acessíveis. Ao nível da zona de estacionamento, junto a entrada principal, esta será integrada no espaço natural sem assumir geometricamente um carácter rígido.

Assim de acordo o estudo de caracterização e proposta de gestão florestal para a propriedade, o objectivo principal será o de manter a vegetação nativa e simultaneamente eliminar a vegetação exótica existente com o mínimo de impacte sobre os valores naturais existentes, promovendo a regeneração natural das espécies nativas presentes e evitando ao máximo as mobilizações de solo, a compactação e a erosão. A médio longo prazo, o objectivo é ter na propriedade um bosque misto dominado por folhosas nativas espontâneas na região (carvalho portugês, sobreiro, carrasco, zambujeiro, medronheiro, sagueiro, aderno, etc), eventualmente com a presença de algum pinheiro bravo. A presença de um bosque misto dominado por estas espécies de folhosas nativas, com menor inflamabilidade/combustibilidade do que a vegetação predominante actual irá contribuir para a redução do perigo de incêndio no local e na sua envolvente. Acresce ainda que uma maior presença destas espécies contribuirá ainda para aumentar o sequestro de carbono, a protecção/conservação dos solos, dos aquíferos e da fauna e flora da região (biodiversidade).

9. Faseamento

Considerando que o Budismo Theravada da Floresta-Comunidade Religiosa, depende no seu financiamento exclusivamente de doações, todo o projecto foi amplamente ponderado e programado de forma faseada, para que a utilização do espaço do Mosteiro Sumedharama seja realisticamente o mais célere possível. Desta forma é apresentado o faseamento de obra.

10.Sistemas Construtivos

Estrutura

A estrutura nos edifícios da Recepção,Templo,Claustros e Workshop, é constituída por um sistema porticado de betão armado, onde as vigas, excetuando as de bordadura, estarão inseridas quando previstas dentro da laje, harmonizando-se esta com a solução formal encontrada, possibilitando-se também grande liberdade de reorganização interior. A estrutura terá o dimensionamento e pormenorização de acordo com o projeto de estabilidade. Nos edifícios como a Biblioteca, Kutis e Vhiara a estrutura será em barrotes de madeira. Todas as coberturas serão assentes sobre estrutura de madeira.

Pavimentos

Os pavimentos serão executados numas situações em lajes de betão armado e noutras sobre estrutura de madeira, a pormenorizar no Projeto de Estabilidade.

Os acabamentos serão constituídos por betonilha de assentamento de ladrilhos cerâmicos em terraços, instalações sanitárias e cozinhas e colocação de soalho de madeira maciça de carvalho nas salas, quartos e restantes espaços encerrados. Nas zonas de circulação comum dos edifícios o pavimento será em pedra natural antiderrapante.

As áreas pavimentadas exteriores serão executadas em pavimento em pedra antiderrapante, e em algumas situações em madeira.

Paredes Exteriores

As paredes exteriores serão em sistema “etics” e fachada ventilada, com isolamento térmico tipo “XPS” ou reboco térmico projetado pelo exterior, protegendo assim também a estrutura, evitando ao máximo as pontes térmicas.

A composição das paredes e os acabamentos exteriores são os indicados nos alçados e nos desenhos de pormenor.

Paredes Interiores

As paredes interiores serão em madeira ou em alvenaria de tijolo, rebocadas e estucadas, sendo as paredes nas zonas de serviços com utilização de água, sanitários e cozinhas, revestidas com elementos cerâmicos ou equivalentes até ao tecto ou a 2m de altura, conforme a situação a definir.

Tetos

Os tetos serão em forra de madeira de 14cm de largura fixos a estrutura do telhado também em madeira e rebocados e estucados ou com teto falso, nas instalações sanitárias e cozinha pintados com tinta anti fungos.

Cobertura

As coberturas serão em telha cerâmica Piamontesa e em telha cerâmica plana, executada em conformidade com os desenhos de pormenor.

Serão inseridos painéis solares na cobertura, na proporção e de acordo com o projeto específico de especialidade.

Outros Elementos

Os alçados e desenhos de pormenor definem as peças de remate e proteção previstas nas fachadas, nomeadamente guardas e restantes elementos necessários para uma correta compreensão do projeto.

Exaustão de Fumos e Renovação de Ar

A exaustão de fumos da cozinha (Recepção) é efetuada conforme os desenhos dos pormenores de ventilação e desenfumagem.

A renovação de ar nas instalações sanitárias é feita sempre naturalmente por janelas.

11.Infraestruturas de Esgotos Domésticos e Pluviais

As infraestruturas de drenagem de águas residuais serão dimensionadas para a totalidade das construções.

As águas residuais serão maioritariamente de origem doméstica.

As redes de drenagem terão origem nas redes prediais de cada construção, recebendo todos os efluentes de origem doméstica, conduzindo-as por gravidade até à caixa de ligação da rede municipal situada junto à linha de água.

As redes de colectores serão instaladas maioritariamente, e sempre que possível ao longo dos arruamentos e circuitos pedonais internos em instalação enterrada.

O problema da avaliação da população a servir, que constitui um dos elementos base para o dimensionamento de cada um dos órgãos, reveste-se de particular importância, uma vez que deverá perseguir-se um justo equilíbrio entre o seu dimensionamento e, portanto, o seu custo e a eficiência que lhe deve ser conferida

Avaliados os efectivos populacionais a servir haverá que fixar-se a capitação, traduzida como consumo médio diário para, com base nestes dados e nos factores de ponta, se determinar o consumo e a sua evolução. Para afixação das capitações, tomaram-se como referência os seguintes valores:

− 250 l/hab.dia para as unidades de alojamento religioso;

− 50 l/hab.dia para os serviços de apoio.

Relativamente à drenagem das águas pluviais, não se prevê a recolha das mesmas sendo drenadas directamente para os terrenos adjacentes

12.Infraestruturas de águas

O abastecimento de água será feito a partir da ampliação da rede pública existente em cerca de 240m conforme parecer da Be Water-Águas de Mafra transmitido no pedido de Informação Prévia VO 38/2014.

As infraestruturas de abastecimento de água e extinção de incêndio serão dimensionadas para a totalidade da construção.

De modo a minimizar o volume de água potável consumido no complexo religioso, prevê-se a instalação de 2 sistemas de abastecimento de água independentes:

− Sistema de abastecimento de água potável para todos os aparelhos e equipamentos de uso humano, proveniente de um depósito situado no extremo sul da propriedade e abastecido da rede pública;

− Sistema de extinção de incêndio, com origem num depósito também situado no extremo sul da propriedade, abastecido com captações próprias (nascente).

O sistema de abastecimento de água potável tem por base um reservatório de água e uma rede de distribuição ramificada enterrada ao longo dos arruamentos e circuitos pedonais internos.

O depósito será dimensionado para suprir as necessidades do complexo religioso, em situação de máxima ocupação.

13.Infraestruturas de telecomunicações

O projeto a realizar contemplará a rede de tubagem e caixas de visita necessárias às instalações de telecomunicações do complexo religioso. As instalações projectadas serão essencialmente do tipo subterrâneo.

No projecto de infraestruturas a realizar, a rede terminará em caixa de visita, à entrada de cada núcleo de construção, onde se ligará futuramente a caixa destinada ao referido ATE.

As infraestruturas contemplam uma rede de tubos e caixas, que terá início na ligação com a rede pública e se estende por todo o terreno do Mosteiro.

14.Infraestruturas eléctricas

Relativamente às infraestruturas eléctricas, e atendendo a que o terreno em estudo está a ser atravessado por uma linha área de AT, e de acordo com contactos já realizados junto da EDP não se prevê o enterramento da mesma.

De acordo com a EDP, prevê-se a necessidade de implantação de um posto de transformação de serviço público, com capacidade para alimentar todo o conjunto, junto à entrada do complexo religioso.

A alimentação para este novo posto, será efectuado a partir dum posto de transformação existente a poente do terreno.

A rede de infraestruturas de BT terá início no referido posto de transformação de serviço público e terminará nos armários de distribuição principais, a partir dos quais se fará a distribuição para as edificações.

Toda a rede de cabos será directamente enterrada, com excepções das travessias que serão protegidas com tubagem.

15.Quadro de áreas

Área do Lote ……………………………………………………………………………………………… 100905.00 m2

Área de Implantação ………………………………………………………………………………………. 2052.08 m2

Área Bruta de Construção ……………………………………………………………………………. 1966.13 m2

Índice de Implantação ……………………………………………………………………………………………………… 0.020

Índice de Construção …………………………………….………………………………………………………………… 0.019

Nº de Pisos Máximo

Acima Cota Soleira ……………………………………………………………………………………………..…. 2

Nº de Edifícios ……………………………………………………………………………………………………………..… 19

– 1 Recepção

– 1 Biblioteca

– 2 Claustros

– 1 Vihara

– 1 Templo

– 1 Workshop

– 3 Kutis grandes (2 tipo B+ 1 Tipo C) + 9 Kutis simples (Tipo A)

Cércea Máxima…………………………………………… ………..………..……………….……………….………….. 6.06 m

Volumetria …………………………………………………………………………………………………. 7489.49 m3

Nº de Lugares Estacionamento ………………………………………………16L + 1L PMC + 2L autocarros

Área Impermeável ………………………………………………………………………………………… 1770.00 m2

Índice de Impermeabilização …………………………………………………………………………………………..0.0175

Nota: as áreas de construção indicadas nas peças desenhadas referem-se às áreas brutas de construção

16.Plano de Acessibilidades

No projeto deste mosteiro budista foram aplicadas as medidas necessárias para o bom usufruto de pessoas com mobilidade condicionada, tendo em conta as normas técnicas de acessibilidade definidas no Decreto-Lei n.º 163/2006 de 8 de Agosto, ao qual se referem as secções e pontos indicados ao longo deste texto. Pretende-se aplicar as normas de forma a proporcionar uma boa interação e experiência às pessoas de mobilidade condicionada.

O complexo do Mosteiro será constituído por edifícios de utilização permanente, e edifícios de utilização ocasional. Nos edifícios de utilização permanente inserem-se a receção, a biblioteca, os claustros, a vihara e o templo, e nestes edifícios foram aplicadas as normas para acessibilidade e usufruto de pessoas com mobilidade condicionada.

No estacionamento foi incorporado um lugar reservado a pessoas com mobilidade condicionada, com 5.00×3.50m.

Em relação aos percursos acessíveis, na ideologia budista os caminhos e percursos naturais são parte integrante da prática de meditação, desta forma serão renaturalizados. Na medida do possível, serão criados caminhos pedonais integrados na natureza e na topografia que vão ligar os edifícios por percursos acessíveis. Os acessos não serão alcatroados, existindo manutenção permanente que os tornará acessíveis. Deste modo, não está garantido um percurso por toda a propriedade que cumpra as inclinações para pessoas com mobilidade condicionada, pois isso levaria a grandes trabalhos de remodelação de terreno, algo que os monges preferem evitar.

Na tentativa de juntar a ideologia budista com as normas de acessibilidade, optou-se por criar um núcleo acessível, tendo como base o edifício principal, o da recepção. Assim, a partir deste edifício, foram desenhados caminhos acessíveis, cumprindo as normas, que dão acesso à biblioteca e aos claustros. O acesso à recepção faz-se a partir do caminho secundário da propriedade, existindo uma rampa a 6%. Deste edifício, existem depois dois percursos independentes em rampa, um para a zona do edifício da biblioteca, outro para o patamar grande à cota 121.50m. Ambos os percursos têm 6% de inclinação. São percursos ao longo do terreno natural, suaves e acompanhando o declive, de modo a evitar grandes trabalhos de remodelação do terreno. Do patamar à cota 121.50, existe depois o seguimento do percurso para acesso aos claustros, constituído por rampas a 6%, cumprindo o estipulado na secção 2.5 de respetivo decreto.

Assim, este núcleo principal de edifícios, receção, biblioteca e claustros está dotado de um percurso acessível. Estes serão os edifícios mais utilizados, daí a sua proximidade e a criação deste percurso acessível de ligação entre eles.

O edifício vihara tem também um percurso acessível para pessoas com mobilidade condicionada, a partir dos caminhos que o rodeiam. O piso de cima é acedido diretamente pelo caminho circundante, pois encontra-se de nível com este. Para o piso de baixo são criados dois percursos, um a partir do caminho de cima, outro do caminho de baixo. O acesso de cima arranca à cota 112.00 e é constituído por um percurso curvo com 6% de inclinação até à cota 111.00. O acesso a partir do caminho de baixo é de nível, arrancando junto à curva de nível 111.00.

O percurso acessível para o edifício templo inicia-se no caminho principal da propriedade, junto à curva de nível 113.00. Este percurso acompanha toda esta curva, sendo por isso de nível até perto do templo. Junto do templo, o terreno é trabalhado de modo a proporcionar um percurso de acesso com 6% de inclinação.

Nos acessos aos edifícios existem sempre átrios exteriores grandes, onde é possível executar uma manobra de rotação de 360º. As portas de acesso a estes permitem uma largura mínima de 0.87m, sendo que o átrio interior permite também uma manobra de rotação de 360º, cumprindo assim a secção 2.2. Os edifícios dos claustros e da vihara não possuem uma porta específica de entrada principal, mas sim aberturas de entrada com acesso a circulações exteriores comuns. Estas aberturas e átrios interiores cumprem a secção referida.

Os átrios exteriores de acesso aos edifícios encontram-se 0.02m abaixo da cota de entrada, sendo a pedra de soleira boleada, tal como estabelecido na alínea 2 do n.º 4.8.2 da secção 4.8 do Decreto-Lei respetivo.

Edifício Receção

Neste edifício, como descrito anteriormente, o átrio de entrada interior permite facilmente uma manobra de rotação de 360º. O piso 0 do edifício, o principal, é totalmente acessível a pessoas com mobilidade condicionada, permitindo um ótimo usufruto por parte destas. O corredor apresenta uma largura constante a 1.50m, respeitando a secção 2.3. As portas de acesso aos diversos compartimentos apresentam largura mínima de 0.77m, cumprindo também as normas. Em todos os compartimentos principais, incluindo cozinha, existe espaço para manobra de rotação de 360º. Não se tratando de edifício residencial, não apresenta uma instalação sanitária completa, mas sim cabines preparadas dentro das instalações sanitárias. Existe uma cabine preparada para pessoas com mobilidade condicionada na instalação sanitária da sala de entrada e da sala dos monges. Esta cumpre com as normas, apresentando as dimensões apropriadas e barras de apoio definidas na legislação. Nestas cabines é possível inscrever uma zona de manobra de rotação de 180º, existindo ainda um lavatório de apoio. Nestas instalações sanitárias é ainda possível, junto à entrada da cabine respetiva, efetuar uma manobra de rotação de 360º.

Na instalação sanitária da sala dos monges existe ainda uma cabine de duche preparada para pessoas com mobilidade condicionada, tendo duche de pavimento com 1.20m de comprimento e barras de apoio conforme a legislação. Existem ainda duas instalações sanitárias exteriores, estando ambas preparadas para pessoas com mobilidade condicionada. Nestas é possível efetuar facilmente manobra de rotação de 360º.

O ressalto de piso nas portas que são para o exterior é de 0.02m, sendo vencido por uma soleira boleada.

A zona exterior do edifício é acessível a pessoas com mobilidade condicionada pois é de nível, permitindo a passagem para acesso exterior aos caminhos para a biblioteca e claustros. O piso 1 deste edifício não necessita de acesso a pessoas com mobilidade condicionada.

Edifício Biblioteca

Este edifício tem acesso total a pessoas com mobilidade condicionada. É um edifício simples, de fácil movimentação, com espaços amplos. O ressalto de piso de 0.02m entre exterior e interior é vencido com uma soleira boleada e cumpre as normas. As portas de acesso aos diversos compartimentos apresentam largura mínima superior a 0.77m, cumprindo também as normas. Em todos os compartimentos, existe espaço para manobra de rotação de 360º. A instalação sanitária está totalmente preparada para pessoas com mobilidade condicionada, tendo dimensões adequadas e as barras de apoio necessárias.

Edifício Claustros

Este edifício apresenta a especificidade de o seu corredor e entradas principais serem exteriores. Estes apresentam dimensões que permitem, em qualquer ponto, manobra de rotação de 360º. Dadas as portas de acesso aos compartimentos serem exteriores, estas apresentam largura de passagem mínima de 0.87m, cumprindo as normas. Sendo um edifício residencial, existe um quarto totalmente preparado para pessoas com mobilidade condicionada, incorporando uma instalação sanitária completa e adaptada para o devido efeito. Esta instalação sanitária cumpre as normas, tendo dimensões que permitem rotação de 360º, espaço de acesso à banheira como estipulado nas normas, e tendo as barras de apoio necessárias. Os restantes quartos, caso seja necessário, permitem também o usufruto de pessoas com mobilidade condicionada, mas não tendo instalação sanitária. O piso 1 deste edifício não tem acesso a pessoas de mobilidade condicionada, pois não é necessário, já que os quartos do piso 0 o permitem.

A zona exterior à volta do edifício também é acessível, pois é de nível, permitindo rotação de 360º em qualquer ponto.

Edifício Workshop

Este edifício apresenta também acesso a pessoas com mobilidade condicionada. É um edifício simples, de fácil movimentação, com o espaço principal amplo. O ressalto de piso de 0.02m entre exterior e interior é vencido com uma soleira boleada e cumpre as normas. As portas de acesso aos diversos compartimentos apresentam largura mínima superior a 0.77m, cumprindo também as normas. No compartimento principal existe espaço para manobra de rotação de 360º. Sendo apenas um edifício de trabalho, de ocupação ocasional, a instalação sanitária não está preparada para pessoas com mobilidade condicionada.

Edifício Vihara

Este edifício residencial apresenta apenas o piso 0 acessível a pessoas de mobilidade condicionada. Existindo quartos nos dois pisos, e de modo a não instalar elevador ou outro meio mecânico de ligação, optou-se por apenas adaptar o piso 0, até por permitir ter uma instalação sanitária adaptada. Neste piso o corredor de acesso aos compartimentos é exterior, tendo largura suficiente para permitir uma rotação de 360º em qualquer ponto. Sendo as portas exteriores, estas apresentam largura mínima de passagem de 0.87m. o ressalto de piso de 0.02m é vencido por soleira boleada, conforma as normas. Em todos os compartimentos é possível efetuar uma rotação de 360º.

A instalação sanitária é comum e dividida por cabines. Permite uma rotação de 360º em quase qualquer ponto devido às suas dimensões na zona de circulação. Uma das cabines está adaptada para pessoas com mobilidade condicionada. Esta cumpre com as normas, apresentando as dimensões apropriadas e barras de apoio definidas na legislação. Nestas cabines é possível inscrever uma zona de manobra de rotação de 180º, existindo ainda um lavatório de apoio. Existe também uma cabine de duche preparada para pessoas com mobilidade condicionada, tendo duche de pavimento com 1.20m de comprimento e barras de apoio conforme a legislação.

Edifício Templo

Este edifício permite acesso total a pessoas com mobilidade condicionada. O seu grande átrio de entrada permite uma manobra de 360º em quase qualquer ponto, assim como a sala grande, totalmente ampla. A sala de entrada dos monges e a sala de câmara ardente permitem também rotação de 360º. As portas interiores destas salas, que dão acesso à sala grande apresentam largura de passagem mínima de 0.77m. O percurso exterior até às salas também é acessível pois é de nível e permite rotação de 360º em qualquer ponto. O ressalto de piso de 0.02m entre exterior e interior é vencido por uma pedra de soleira boleada.

Estes são os aspetos mais relevantes a destacar em termos de acessibilidades.

Em tudo o omisso na presente memória descritiva, considera-se que as peças desenhadas são suficientemente elucidativas do projeto que se apresenta.

Paço de Arcos, 23 de novembro de 2015

O Técnico n.º 2519 OA